Por Michele Pereira Matzrrom e Flávio Bermudes
Com o crescimento de operações marítimas de alta complexidade no Brasil, especialmente nas áreas onshore e offshore, aumenta também a necessidade de se adotar protocolos rigorosos de gestão de riscos. Atividades como rebocagem, içamento e transporte de cargas de projeto envolvem riscos elevados e exigem controles técnicos robustos para garantir a segurança, a eficiência operacional e a conformidade com padrões internacionais.
Neste contexto, ganham protagonismo os Marine Warranty Surveys (MWS) — serviços técnicos especializados focados na avaliação e mitigação de riscos em operações marítimas. Trata-se de uma exigência crescente tanto por parte dos operadores quanto das seguradoras, que veem nesses processos uma forma eficaz de proteger vidas, ativos e reputações.
MWS: técnica e rigor a serviço da segurança
Os peritos de Marine Warranty são profissionais altamente qualificados e autorizados a emitir o Certificado de Aprovação (CoA), documento que valida a operação e libera seu início. Esses especialistas são responsáveis por assegurar que todas as etapas da operação estejam em conformidade com normas técnicas internacionais, reduzindo riscos a níveis aceitáveis.
Para manter os padrões de excelência, apenas um grupo seleto de empresas é aprovado por seguradoras, desta forma é imprescindível checar com o segurador qual é a empresa credenciada para prestar esse serviço. Essas empresas passam por monitoramento contínuo, garantindo que a qualidade do serviço esteja à altura dos riscos envolvidos.
Etapas da inspeção técnica
O escopo de atuação do MWS é minucioso e abrange:
- Revisão de certificados de segurança e operação: verificação de documentos de equipamentos de içamento, rebocadores, guinchos e embarcações envolvidas
- Análise de documentos críticos de planejamento operacional: como planos de viagem, roteiros meteorológicos, manuais de reboque e planos de segurança
- Revisão de cálculos técnicos: avaliação de lastro, estabilidade, resistência das linhas de reboque, fixações, integridade estrutural e outras variáveis específicas da operação
- Inspeção final no local: o inspetor verifica se as condições reais estão de acordo com o plano aprovado e, somente após validação completa, emite o CoA.
Vale lembrar: o trabalho do MWS só se encerra após a conclusão da operação, garantindo um ciclo completo de controle e supervisão.
Seguro: cobertura depende da certificação
No ambiente segurador, a exigência por inspeção de MWS e o respectivo CoA tem se tornado cada vez mais frequente. Sem esses elementos, a operação pode expor o subscritor a riscos
não quantificados, abrindo brechas para lacunas de cobertura ou até negação de sinistros, caso o projeto avance sem as devidas precauções.
Para os operadores, seguir esse protocolo não é apenas uma exigência técnica — é uma estratégia de proteção e credibilidade no mercado. Já para as seguradoras, trata-se de um critério de subscrição cada vez mais determinante em projetos complexos, refletindo uma postura alinhada às melhores práticas internacionais.
À medida que o setor de energia e transporte marítimo avança, a gestão especializada de riscos torna-se indispensável. A atuação dos Marine Warranty Surveys e a exigência de certificação formal antes da execução de operações críticas representam uma evolução no padrão de segurança das operações marítimas no Brasil.
Empresas que investem nesses controles não apenas reduzem riscos — também reforçam sua responsabilidade técnica, a proteção de seus ativos e a confiança do mercado.
