Por Piera Lima
O que é as companhias KLM, Qantas, Lufthansa, United e Delta têm em comum além de serem gigantes da aviação comercial? Todas já iniciaram a adoção do SAF como parte de seus esforços para reduzir as emissões de carbono e tornar a aviação mais sustentável.
Essas três letrinhas são a sigla em inglês para “sustainable aviation fuel”, os combustíveis sustentáveis de aviação que são produtos drop-in, isto é, idênticos ao querosene fóssil na molécula, porém, derivados de biomassa, resíduos ou mesmo hidrogênio e CO2, o que faz com que sua pegada de carbono seja até 80% menor em relação ao similar de petróleo.
O fato de ser drop-in é importante para garantir que os fabricantes não precisem redesenhar motores ou aeronaves e que fornecedores de combustível e aeroportos não precisem construir novos sistemas de entrega de combustível, o que pode ser necessário para alternativas
como hidrogênio ou eletrificação, explica a IATA (Associação Internacional de Transporte Aéreo).
Por que a aéreas estão adotando o SAF?
De acordo com a Icao (Organização Internacional de Aviação Civil), mais de 360 mil voos comerciais já usaram o SAF em 97 aeroportos diferentes, concentrados principalmente nos Estados Unidos e na Europa. A KLM por exemplo, realizou seu primeiro voo usando SAF em
2011 feito de óleo de cozinha reutilizado. “Nossa meta é aumentar gradualmente nosso uso de SAF, atingindo 10% do nosso uso mundial de querosene até 2030. À medida que incorporamos mais SAF, ajustamos nossos preços de passagens com base na distância de cada voo”,
informa a companhia.
Responsável por 2% das emissões globais de gases de efeito estufa, o transporte aéreo está no grupo de setores considerados mais difíceis de descarbonizar. A substituição do querosene fóssil por sustentável foi identificada pelos operadores como estratégia fundamental para reduzir de forma significativa as emissões de CO2.
Só que o produto de baixo carbono custa, em média, duas a quatro vezes mais que o querosene fóssil – e o combustível responde por cerca de 40% do custo das operações. De acordo com a associação, serão precisos US$ 5 trilhões em investimentos, ou US$ 178,6 bilhões por ano entre 2023 e 2050 para descarbonizar o transporte aéreo.
Para alinhar a indústria nessa rota de descarbonização, a aviação civil internacional firmou um compromisso (Corsia) de chegar
a 2050 com emissões líquidas zero, com metas de utilização de SAF já a partir de 2027.
Estudo do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) aponta que a indústria de combustível sustentável de aviação (SAF, em inglês) deve alcançar 449 bilhões de litros até 2050.